Se arrastando, Chris e Rachel chegaram ao cume. Queriam se sentar mas nao deixei, primeiro dei um abraco caloroso e parabenizei pelo esforco psicologico que tiveram. Depois bati um rapido papo pra ver como estavam e alguns minutos depois pedi que fizessem minha foto de cume, pois eu ja havia feito cerca de 35 fotos incluindo uma panoramica do cume com 5 partes.
E claro, ambos nao aproveitaram nada do cume. Eu estava feito barata tonta andando todo o contorno da cratera que e relativamente pequena, deve ter uns 100 a 120 metros de largura. Fui ate a outra extremidade, fiz uma foto da face sul levemente nevada, fiz uma foto de antigas ruinas no cume, da laguna verde, do Sairecabur...Pirei.
Ja tinha terminado minha sessao de fotos depois de uns 40 minutos andando pelo cume me sentei e fiz um lanche. Chris e Rachel continuavam sentados tentando se recuperar pra descida, so se levantaram pras fotos de cume o que levou so uns 3 minutos.
Gabriel dormia profundamente, Pedro quieto encostado no totem, eu comendo e olhando ao redor...
Nao sei ao certo, mas acho que ficamos no cume cerca de 1h e 20m. Bastante tempo e importante pra dupla se recuperar depois de comer algo. Depois disso comecamos a descida por uma rota diferente da subida. Ali era possivel a descida rapida via ski bota e no inicio ate que fiz isso, mas depois nao mais.
O motivo foi a dupla britanica. Ainda estavam muito cansados. Pedro descia quase correndo, eu ia atras e depois de mim eles e por ultimo Gabriel. Entao eles comecaram a reclamar do guia local, Pedro, dizendo que ele estava se exibindo descendo tao rapido. Expliquei que nao tem nada a ver, todo andinista (senao quase todos) gosta de descer assim rapido, e divertido e agiliza muito mais chegar a comida no acampamento ou refugio. Nao adiantou, eles nao entenderam.
Por isso fui descendo mais devagar pra ajuda-los em caso de algum problema. Gabriel vinha fechando o grupo.
A partir dai o cansaco irritou mais ainda os dois que so reclamavam o tempo todo. Chris que tinha sido educado e sequer falava palavroes comecou a soltar um monte de "fuckin' el" (jeito ingles de falar fuckin hell) a cada vez que escorregava. Rachel ate que estava calma e descia mais tranquilamente.
Eu ainda tentava fazer com que mudassem de ideia dizendo "Chris e Rachel, voces ja pararam pra pensar que acabaram de escalar o lindo vulcao Licancabur? Seu record de altitude! O esforco que fizeram e estao fazendo e o preco a se pagar! Vamos la, falta pouco...". Com a Rachel isso funcionou mas o Chris estava super irritado...
Parei de dar ouvidos e me concentrei na minha descida. Depois de duas horas chegamos a base do vulcao, proximo as ruinas inkas que ficam ali. Fiz algumas fotos e continuamos. Ai que parei e prestei atencao, eu nao estava cansado! Como pode??!!
Fomos embora, dali ate o carro do guia Pedro que ja estava la foi so mais uns dez minutos. Quando la chegamos olhei pro Licancabur, fiz uma ultima foto com a lua sobre o cume, me ajoelhei e agradeci a montanha por me permitir subir e descer com seguranca. Nao, dessa vez nao chorei he he he
Entramos no carro e fomos embora. Meia hora depois estavamos no abrigo, fomos surpreendidos com costelas de llama! Ahhhhhhhh inacreditavel! Alguem ai tem nocao de como e bom descer da montanha e comer costela de llama??????? ahahahahahahha
Acompanhando as costeletas, tomate fatiado e coca-cola gelada. Melhor impossivel. A essa hora finalmente o animo da dupla melhorou e comecaram a fazer piadas, ja nao era sem tempo! Comemos desesperadamente, nos arrumamos e pegamos uma nova carona ate a fronteira boliviana para novo carimbo no passaporte, de saida.
Nessa hora senti uma dor na virilha, forte! Esforco fisico. O sangue esfriou, a adrenalina cedeu e senti. Nossa como doia...2 comprimidos de Dorflex pra aliviar. Na fronteira bati um longo e amigavel papo com o militar que ao ver no meu peito a bandeira boliviana puxou assunto. Ficou feliz ao saber que eu era brasileiro e que tinha um carinho especial pelo seu pais. Me abracou e tudo!
Passaporte carimbado, pegamos a van pra San Pedro onde novamente carimbei a entrada no Chile. Minutos depois estava na Tocopilla, rua onde fica o albergue que estou.
Mais um sonho realizado, estou super feliz e agora ja recuperado da dor na virilha, espero por companhia para a proxima investida que ainda e incerta.
Finalmente posso dizer, escalei o vulcao Licancabur!
Abrazos a todos.
Paulo
6 comentários:
ai queridinho, mas que coisa boa essa tua subida até o lica. parabéns! é uma das minhas metas, ainda chego lá! tu é muito divertido, pauleca. em certos trechos da descrição dei gargalhadas. e como tens paciência, eu teria deixado pra trás aquels dois ingleses mal humorados!!
abração!!
Legal parofes, mais uma vez, de um em um o Parofes enche sua lista!!!
Estou planejando escalar o Llullaillaco em 2011 e quero me aclimatar na região de San Pedro.
Quando voltares pro Brasil queria umas dicas.
Bons ventos.
Reginaldo Carvalho - Joinville SC
montecarvalho@ig.com.br
Show! ótima escalada! Aclimatação é tudo!!!
abs!!!
Parabens Paulo...
O Lican. realmente é muito bonito, na minha opinião o mais bonito da região..
Abç
Ótimo ler seu Blog, em meio a suas conquistas e belas fotos, abstraindo é claro na sua postagem sobre roubos, prostituição consegui relaxar e ver coisas bem positivas...como a força e a determinação de quem sobe montanhas...
Parabéns pelas conquitas e pelas fotos...(Morro de inveja quando alguém sobe um vulcão, eu que estudo eles ainda não subi nenhum, rsrs).
Quanto a minha postagem, vc me instigou a refletir ainda mais, os alunos, o desinteresse...as drogas mais interessantes que as possíveis descobertas... é uma situação difícil e delicada para o professor...
E as epecializações... Realmente não sei até que ponto a verticalização da ciência é algo bom,,,
Valeu pelas palavras e pelo relato de sua experiência com as aulas, não sei se isso me incentiva ou desincentiva
Abração e ótimos ventos!!!
hmmm carne de llame deve ser boa mesmo.
se de alpaca é...
linda a laguna verde!!!
beijos, te amo
Lili
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