segunda-feira, 8 de junho de 2009

Numerologia das montanhas de Monte Verde.

Era 03 de junho de 2009 quando decidimos, eu e meu parceiro Edson Vandeira, em ir para a belíssima cidade de Monte Verde, que fica a apenas 2 horas e 50 minutos de São Paulo, totalizando o tempo de 2 ônibus, chegando na cidade que é em Minas Gerais.

Após o primeiro ônibus que levou apenas 120 minutos, pegamos o segundo em Camanducaia que em apenas 50 minutos nos deixou no portal da cidade, onde começamos a andar.

Chegamos na entrada na rua que leva a Pedra Redonda e Pedra Partida. Logo que começamos a subir, um carro passou por nós e quem conduzia era um conhecido do Edson. A carona foi muito bem vinda pois a caminhada da estrada que levaria pelo menos 90 minutos, se transformou em apenas 5 minutos de carro até o estacionamento onde saem as trilhas.

Sem muita demora entramos na trilha para a Pedra Redonda, e após 14 minutos chegamos ao seu cume, ultrapassando várias pessoas que sobem a mesma trilha para chegar na Pedra e ter a bela vista de seus 1.990 metros de altitude. Engraçado é ver mulheres de salto alto, jeans, cachecol, perfume, brincos enormes, casaco de pele...Subindo a trilha barrenta e na metade do caminho dizer ao namorado “-Só essa que vamos, não agüento mais!”. Escutamos isso pelo menos 5 vezes.

Havia pelo menos umas 40 pessoas no cume, muitas crianças com seus pais, muito salto alto...Todos tirando fotos. Por isso obviamente não apreciamos NADA do cume, tiramos 25 fotos, e após somente 5 minutos no cume da Pedra, viramos e voltamos pela trilha para pegar a bifurcação para a Pedra Partida, 2ª maior montanha da região com 2.050 metros no ponto culminante.

Pensamos que teríamos mais sossego por lá e que almoçaríamos sem muito transtorno, então fomos embora. Mais 34 minutos e atingimos os 2.050 metros da Pedra. Que vista! Linda demais, fizemos 92 fotos nesse cume e após bater um papo com um casal que estava lá sozinho, começamos a fazer o almoço. Macarrão instantâneo com salada seleta e salaminho fatiado. Para bebida: Suco de limão. Manjar dos Deuses.

Quando estávamos acabando de comer, começou a chegar mais gente. Contei mais 13 pessoas além de nós 2. Começou a ficar muito cheio de gente e decidimos descer imediatamente após ficar no cume da pedra por exatos 105 minutos, deixando o cume às 14:20h.

Como diz o ditado, “para baixo todo santo ajuda”. Descemos mais rápido do que subimos, em somente 35 minutos descemos da Pedra Partida até o estacionamento, onde completamos o meu reservatório de 3 litros d’água, e entramos na trilha para o Pico Chapéu do Bispo.

Com todo o pique, levamos 22 minutos para chegar ao Chapéu do Bispo e seus 2.030 metros de cume. Vista linda, exatamente no meio do caminho entre a Pedra Partida e o Pico do Selado, na outra ponta do complexo de montanhas de Monte Verde.

Entramos na chaminé que leva ao cume e pronto, fotos. Ali em cima foram mais 36 fotos. Foi muito legal ver como já estávamos distante da Pedra Partida, e como foi fácil chegar até ali. Tínhamos agora o horário um pouco apertado para chegar ao Pico do Selado, então viramos as costas e descemos, entrando novamente na trilha.

Pela trilha levamos mais 12 minutos para chegar até o platô com seus 1.900 metros. Só 4 minutos depois que iniciamos nosso caminho senti câimbras nas duas pernas, mas decidi continuar caminhando assim mesmo e chegamos sem maiores transtornos. Lá havia mais pessoas, 18 para ser exato. Por isso só ficamos ali por 4 minutos e 8 fotos, e novamente entramos na trilha sentido Pico do Selado.

A trilha é muito fácil mas, depois de 34 dias de pura inatividade dos quais 17 dias de uma quase pneumonia que me custou 127 reais em remédios, senti um bocado de falta de ar para chegar lá. As pernas estavam muito bem obrigado, mas os 2 pulmões ainda não estão 100% recuperados. Mas isso era só 1 detalhe.

Nessa hora questionei uma coisa. Entre o Pico do Selado e o Platô de Monte Verde há um pico, nítido e bem no meio do caminho. Há um vale que separa ele do platô, e ele do Pico do Selado. Ele é sem dúvida muito maior do que o platô e pouco menor que o Pico do Selado, porém não tem nome. Por que será? Sei lá...

Passados os 4 minutos entramos na trilha. Que trilha agradável, repleta de bosques lindos, bem úmidos, e de vegetação baixa. As árvores não passam de 5 metros, isso significa que com a copa das árvores um pouco separadas, a luz do sol passa e faz iluminações lúdicas!

Após 55 minutos de caminhada e escalaminhada chegamos ao cume do Pico do Selado, mas não é o cume verdadeiro. Ali é só para acampar e tomar a trilha para o pico vizinho (logo chego nele). Para chegar ao verdadeiro cume é preciso dar a volta na pedra do cume, passar sob uma rocha pequena de uns 80 centímetros, e fazer uma pequena escalada de 4 metros e pronto. O cume está ali. Mas assinar o livro não é de graça, é preciso pular uma fenda de 70 centímetros de largura e 5 metros de profundidade para chegar lá. “O pulo do gato”.

Queríamos pegar o pôr do sol sobre o cume da montanha mais alta da região, o Pico do Selado e seus 2.083 metros de altitude. Após montar acampamento e subir ao cume, comecei a assinar o livro as 17:35h, e o sol começava a se pôr.

Sensacional, foi o pôr do sol mais lindo que já vi em meus 31,5 anos de vida. Só nestes 35 minutos que durou esse fantástico show de cores, tiramos 157 fotos. Descemos maravilhados e com frio pois a temperatura já caíra cerca de 15 graus.

A hora mais esperada do dia: 19:00h e o jantar: Feijoada. Jantamos aquela refeição maravilhosa, e depois disso e de limpar tudo e recolher o lixo, ainda apreciamos a lâmpada de casa (Lua) iluminando a barraca por mais 17 minutos.

Tiramos ali mais 9 fotos e nos recolhemos na barraca para dormir depois de tanta atividade, tanta comida e 5 cumes conquistados. Merecíamos descanso. As 20:00h as 2 lanternas de cabeça foram apagadas, porém a luz do quintal de casa permanecia acesa: A Lua. Sua luz era tão forte que fazia a cor da cobertura da barraca iluminar o seu interior na cor laranja.

Depois de 180 minutos de sono profundo, acordei. Era 23:00h e quando olhei para o Edson ele me disse “Cara já dormi um bocado e achei que já estava amanhecendo, mas são só 23h!”. Também não acreditei. Assim sendo, chegamos a decisão democrática e benéfica aos nossos corpos de tentar dormir mais. Tentativa em vão...O relógio marcava 2,5 graus celcius, 2 minutos pareciam 20. Não para por aí, 4 minutos pareciam 40, e 6 pareciam 60.

Noite interminável, a luz continuava iluminando tudo veementemente, e dormir era quase impossível. Algumas cochiladas de 20 ou 30 minutos, mas só isso. A última cochilada só durou 21 minutos e acordei exatamente as 04:51h. Esperei que os 2 relógios despertassem as 05:00h, pois subiríamos ao cume do Pico do Selado mais uma vez, dessa vez para ver o nascer do sol. Foi o que fizemos 35 minutos mais tarde.

As nuvens pregaram uma peça e nos fizeram esperar até o último minuto para começar a tirar as fotos. No total (exagero?) tiramos 196 fotos do nascer do sol! Foi um espetáculo da natureza tão lindo quanto o pôr do sol da noite anterior.

Ficamos no cume por mais 190 minutos para tirar todas essas fotos, trabalho que nos custou provavelmente 150 minutos, sobrando 40 pra curtir o visual inacreditável de tapete de nuvens “até onde a vista pudesse ver”.

Ponderamos bastante sobre a montanha vizinha que tem 3 pedras grandes no cume, uma delas inclinada em um ângulo de 70 graus, montanha também sem nome. Na descida procuramos por uma trilha até lá. Depois de 1 minuto andando e só 25 metros a frente chegamos a um enorme platô de uns bons 150 metros quadrados. Quase perfeito para camping, só não é perfeito porque é de frente para o vale, e sua formação é propícia para bastante exposição a ventos que sobem do vale que separa o Pico do Selado do pico vizinho sem nome nem altitude definidos.

Estávamos um pouco cansados, mas no platô encontramos o que parecia ser uma trilha levando a esse pico. Entramos nela. Muito fechada, provavelmente ninguém passava por ali por um bom tempo. Vegetação fechada em alguns pontos, e em outros, fechada a apenas 60 centímetros do chão, quando não menos. O jeito foi rastejar para passar, ou quebrar os bambuzinhos malignos.

A distância entre os picos é curta, cerca de 300 a 400 metros de trilha que quase inexiste. Demos a volta por trás da pedra e encontramos um jeito de subir por uma encosta cheia de limo, vulgo sabão. Subimos segurando na vegetação seca e logo chegamos ao cume. A jornada levou 37 minutos porém o visual, uma eternidade.

Pois bem, essa investida me custou 9 arranhões nos braços, 4 roxos nos joelhos e 1 espinho cravado entre 2 dedos da mão esquerda. Valeu a pena cada contusão e todas as 39 fotos ali tiradas.

Por lá ficamos mais 25 minutos e depois avançamos mais ainda pela crista do cume até o outro lado, onde há mais uma enconsta que desce até o nível da floresta. Tudo bem, uma bela pedra sugeriu novos ângulos para fotos e tiramos mais 28.

Após isso decidimos voltar porque a mata para retorno é bem chatinha, e já havia cerca de 200 minutos que não tínhamos mais água, pois acabei com os últimos 600 ml fazendo 2 copos de chá de coca para nosso café da manhã antes do sol nascer. A sede já era um problema e pensando nisso, e no fato de que o primeiro ponto de água é na metade da trilha do platô para a cidade, a cerca de 55 minutos de caminhada da barraca, decidimos desmontar o acampamento e retornar imediatamente.

O retorno foi mais rápido, somente 27 minutos e estávamos na barraca desmontando tudo, recolhendo o resto do lixo (incluindo uma lata de cerveja e uma garrafa pet que encontramos lá deixadas pelos PDM – porcos de montanha). Levamos mais 11 minutos para ficar prontos e tomar nosso rumo de retorno.

Levamos 43 minutos até o platô, e mais 12 até o ponto de água onde chegamos bastante sedentos. Ali sentamos e ficamos por 18 minutos, que foi o tempo necessário para fazermos outros 1,5 litros de suco de limão, eu comer a outra metade do salame e o Edson comer seus 280 gramas de bolo.

Logo descemos e chegamos na cidade. Sem perder muito tempo fomos a uma lan house, onde providenciamos o backup de todas as 590 fotos e 8 vídeos para os 2 cartões de memória do Edson, assim ele não precisaria esperar pelo envio posterior dos 2 cds que seriam necessários para gravação dos 1,1GB de arquivos!

Missão cumprida, 6 cumes conquistados sendo 1 deles sem nome e pouco explorado, começamos a caminhada de 30 minutos até a padaria de onde sai o ônibus de 15:00h para Camanducaia, onde 110 minutos mais tarde pegaríamos o de 16:50h para São Paulo.

Na padaria pedimos 2 cheeseburguers a um custo de R$ 3,00 cada (e que cheeseburguer!), comemos e entramos no carro que nos deixou em Camanducaia exatamente as 16:04h. A passagem até São Paulo custou R$ 16,48, e lá chegamos as 19:08h.

Foi um final de semana perfeito. Tempo ideal e montanhas lindas. Só faltou a geada e o frio mais severo que atingiu a cidade apenas 48h antes de nossa chegada. Mas enfim, fica pra próxima.
Montanhas fáceis? Sim, mas não deixam nada a desejar em beleza, muito pelo contrário! Posso afirmar sem sombra de dúvida que Monte Verde é uma de minhas cidades preferidas para a prática de montanhismo.

Próxima investida a montanha só daqui ha 11 dias. Até lá, 590 memórias continuarão me fazendo pensar que quando respeitada, a natureza nos dá MUITO em troca, 365 delas por ano. E por que não 730? 1460? 2920? ............

12 fotos para apreciação:


Lindo nascer do sol visto do cume do Pico do Selado.



Eu no cume do Pico do Selado. 2.083 msnm. O livro de cume aos meus pés. Foto: Edson Vandeira.



Astro rei em minhas mãos. Foto: Edson Vandeira.



Pedra Partida ao fundo no momento do nascer do sol. Foto: Edson Vandeira.



Cuspindo fogo? Foto: Edson Vandeira.



Para o alto, e avante! Foto: Edson Vandeira.



Eu assinando o livro de cume do Pico do Selado. Foto: Edson Vandeira.



Eu no cume do Pico Chapéu do Bispo, a 2.030 msnm. Foto: Edson Vandeira.



Eu no cume do pico sem nome que batizamos de "Pico das 3 Pedras" a 2.040 msnm. Foto: Edson Vandeira.



Edson Vandeira e eu na Pedra Redonda, 1.990 msnm.



Eu e Edson Vandeira no ponto culminante da Pedra Partida, a 2.050 msnm.



A hora de voltar...Tudo que é bom dura pouco...

6 comentários:

Kaoru Noda disse...

Realmente, Parofes, não é pela montanha ser fácil que não vai ser bela.
Muito bela as fotos e parabens!

Eliza disse...

Belas fotos, lindo lindo...
Aiii na torcida pra essas meninas quebrarem o salto, fala sério, desfile de moda na montanha.
Ahh sobre a trilha de Amelie Poulan, eu tenho, muito boa, finalizei o último capítulo da dissertação ouvindo.
Abração, bons ventos.

Alessandra disse...

Oi Figura, está lindo o blog, tenho acompanhado sempre, apesar do sr. falar que não rsrsrs. Olha só, o que vc acha da galera combinar uma trip junta já que pelo jeito tu esquecestes do churras rsrs. Tem que ser com antecedência que agora sou estudante, mas ia ser muito massa, o que vc acha? Of course, climb trip, nada de só trekking e nada de altitude hehehe. Bjao e keep climbing.

Anônimo disse...

bingo!
beijos lili

anarayssa disse...

Também gosto muito do seu blog, tenho acompanhado semanalmente!
São lindas as suas fotos!!!

Abração pro cê!!

Anônimo disse...

Porra!

Que viagem isso de pirar com os numeros, hehe.

Mandou super bem.

Bração das Gerais, minino!